Instalar um biodigestor na propriedade pode transformar resíduos em energia limpa e gerar economia. Mas antes de começar a construir, é preciso passar por uma fase essencial: o desenvolvimento do projeto. Nessa etapa, decisões técnicas como o tipo de biodigestor, a carga orgânica e o sistema hidráulico precisam estar muito bem definidas.
O pesquisador Fábio Soares, do grupo de pesquisa em bioenergia da USP, explica que esse processo é dividido em três fases: projeto conceitual, básico e executivo. Cada uma tem seu papel para garantir que o sistema funcione bem no futuro, evitando retrabalho ou prejuízos.
“O projeto conceitual calcula a geração de biogás e dimensiona a estrutura com base na carga orgânica, ou seja, na quantidade de dejetos que o sistema vai receber”, afirma Soares. Já o projeto básico define as principais informações que serão detalhadas no projeto executivo.
Etapas do projeto técnico exigem atenção aos detalhes
O projeto executivo é o mais completo e traz todos os desenhos, plantas, especificações e lista de materiais que serão usados. É com base nesse documento que o produtor consegue partir para a próxima fase: a construção do sistema.
“É importante que essa etapa seja muito bem elaborada, com atenção aos mínimos detalhes, porque dela depende o sucesso do empreendimento”, ressalta o pesquisador.
O tempo necessário para concluir essa etapa varia de acordo com o tamanho do projeto. Em pequenas propriedades, o projeto pode ser elaborado em um a dois meses. Já em unidades maiores, com alto volume de dejetos e produção de biogás, esse prazo pode se estender por até seis meses.
A sintonia entre o planejamento inicial e o projeto executivo é outro ponto que não pode ser negligenciado.
“Durante a elaboração do projeto, podem surgir novos pontos que não estavam previstos. Por isso, o produtor precisa acompanhar de perto cada decisão tomada, para evitar surpresas na fase seguinte”, alerta Soares.
Documentação e licença ambiental também fazem parte do processo
Concluir o projeto executivo é um grande passo, mas ainda não é hora de iniciar as obras. Antes disso, é necessário obter o licenciamento ambiental junto aos órgãos competentes. As regras variam conforme o estado e até mesmo o município, e seguir a legislação é obrigatório para garantir que o sistema seja instalado de forma legal e segura.
Além da parte técnica, o projeto serve como base para solicitar essas licenças. Quanto mais completo e bem elaborado, mais rápido o processo de aprovação tende a ser.
“Esse é o momento de transformar o planejamento em um documento técnico robusto, capaz de atender às exigências legais”, explica o especialista.
Segundo Soares, essa etapa também ajuda o produtor a ter clareza sobre os custos e os investimentos necessários.
“Quando há alinhamento entre o modelo de negócio e o projeto, o produtor tem mais segurança para seguir em frente e fazer a implantação com eficiência”, completa.
Biodigestor é investimento que traz retorno com planejamento
O investimento em biodigestores tem crescido no Brasil, especialmente em propriedades que lidam com suinocultura e bovinocultura. O sistema permite transformar esterco em biogás, que pode ser usado para gerar energia elétrica ou térmica, reduzindo o custo com combustíveis.
Mas o retorno desse investimento só acontece quando o projeto é bem estruturado desde o início. Por isso, escolher um bom técnico, dedicar tempo ao desenvolvimento do projeto e acompanhar cada etapa são atitudes essenciais para quem quer usar o biodigestor de forma eficiente e segura.
No próximo episódio da série, vamos mostrar como funciona o licenciamento ambiental e quais os caminhos para agilizar essa aprovação junto aos órgãos competentes.
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