HISTÓRIAS QUE INSPIRAM

Avicultura familiar muda a vida de casal que migrou do Paraguai e construiu granja do zero

Com história de superação, Angelita e Gerson mostram que a avicultura familiar é caminho de renda e orgulho no campo

Avicultura familiar muda a vida de casal que migrou do Paraguai e construiu granja do zero

A avicultura familiar transformou a vida do casal Angelita e Gerson Bortolace, que migraram do Paraguai para o interior de São Paulo em busca de novas oportunidades. Filhos de imigrantes brasileiros que se estabeleceram no país vizinho na década de 1970, eles cresceram no campo e carregaram esse amor pela vida rural até Promissão (SP), onde hoje vivem da produção de frango de corte.

Quando chegaram ao Brasil, em 2000, o casal trouxe na bagagem apenas roupas, os três filhos pequenos e o sonho de conquistar uma vida digna no campo. Durante anos, trabalharam na roça, tirando leite, plantando milho e soja. Mas a instabilidade climática da região, com veranicos que prejudicaram as lavouras, os levou a buscar uma alternativa mais segura: a avicultura.

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A chance de investir na avicultura familiar veio com a morte do pai de Gerson, que deixou uma pequena herança dividida entre nove irmãos. Com a parte que coube ao casal, Angelita e Gerson quitaram dívidas e começaram a erguer o primeiro aviário. A construção foi feita com as próprias mãos — literalmente.

“Vendemos trator, irrigação, carro… só ficou a nossa força de trabalho”, lembra Angelita.

Ela, o marido e o filho mais novo se revezaram na alvenaria e na soldagem das estruturas. A planta dos galpões foi desenhada pela filha mais velha, engenheira civil.

“A família inteira colocou a mão na massa.”

Mesmo sem experiência prática com granjas, o casal contou com o apoio técnico da equipe da Seara de Guapiaçu.

“Eles vinham duas vezes por semana no começo. Ajudou muito no manejo”, conta Angelita.

No dia 10 de junho de 2019, o primeiro lote de pintinhos chegou. A emoção ainda está viva na memória de Angelita.

“Meus filhos vieram todos ajudar. A gente descarregou juntos. Foi um sonho realizado.”

Hoje, com dois galpões em operação, o casal se divide em todas as tarefas: Gerson cuida da parte de ambiência e manutenção dos equipamentos, enquanto Angelita domina o painel, resolve problemas elétricos e monitora de perto a evolução dos lotes.

“Gosto de estar ali dentro, sentir o ambiente com os frangos. Nem sempre o painel mostra tudo. Tem que estar presente, olhar, escutar, sentir”, explica Angelita, que também é quem acompanha a carga dos animais para abate.

Segundo ela, o lote mais desafiador foi o atual, iniciado em um dia com apenas 7ºC. A combinação de frio e umidade tornou difícil manter a ambiência ideal.

“A gente nunca enfrentou isso aqui. Foi um teste para nossa estrutura e experiência.”

Ainda assim, o orgulho ao ver os frangos crescerem compensa todo esforço.

“Você pega um pintinho com 35 gramas e entrega com 3,5 quilos. É um orgulho. A gente sabe que está produzindo alimento de qualidade, que vai para o mundo inteiro.”

A planta da Seara onde entregam seus lotes é voltada para exportação. Angelita se emociona ao pensar que sua produção pode estar sendo servida em pratos na Europa, na Ásia ou em qualquer canto do mundo.

“Sou encantada pela avicultura. Me sinto realizada.”

A avicultura familiar também ajudou Angelita e Gerson a realizarem outro grande sonho: ver os quatro filhos formados.

“Sou semianalfabeta, parei na quinta série. Meus pais eram analfabetos. Mas consegui formar uma engenheira civil, duas advogadas e um dentista. Isso para mim é tudo.”

Os filhos cresceram no sítio, ajudando a colher quiabo, a trabalhar na roça e depois contribuindo na construção dos aviários.

“Vivenciaram nosso sonho. Trabalharam duro com a gente.”

Hoje, Angelita deseja ampliar a produção com um terceiro galpão e, quem sabe, mais um pouco de tempo para descansar ao lado do marido.

“Nosso sonho agora é poder visitar os filhos, os netos, passear um pouco. Mas com a certeza de que vencemos na vida.”

Para o futuro da avicultura familiar, Gerson aposta na modernização.

“As granjas mudaram muito. Hoje, para se manter competitivo, é preciso atualizar os equipamentos e as práticas. A empresa exige e a gente faz, porque vale a pena.”

Com 35 anos de união, o casal construiu não só uma granja, mas um verdadeiro legado rural.

“Tivemos fé, perseverança e coragem para enfrentar os desafios. E tudo isso trabalhando no campo, com as próprias mãos. Isso é motivo de muito orgulho.”

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