
Mesmo com o registro de um foco isolado de gripe aviária no Rio Grande do Sul, em maio deste ano, o Brasil manteve o ritmo das exportações de frango halal e segue como o principal fornecedor mundial da proteína para os países árabes.
De acordo com a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, as vendas de frango halal somaram US$ 1,74 bilhão no primeiro semestre de 2025, praticamente o mesmo patamar registrado no ano passado. O resultado confirma a confiança dos importadores e reforça a presença brasileira nos mercados do Oriente Médio e Norte da África.
Estabilidade mesmo após o foco de gripe aviária
O setor enfrentou retração pontual em maio e junho, quando foi confirmado o caso de gripe aviária na cidade de Montenegro (RS). Ainda assim, nos quatro primeiros meses do ano, as exportações haviam crescido 10%.
“O recuo foi natural diante do primeiro registro da doença, mas se o episódio não tivesse ocorrido, o semestre teria fechado com alta de dois dígitos”, destacou Mohamad Mourad, secretário-geral da Câmara do Comércio Árabe-Brasileira
Parceria de décadas com o mundo árabe
Mesmo diante dos desafios, o Brasil seguiu fornecendo frango halal para 22 países árabes. Entre eles, 11 registraram aumento nas compras no primeiro semestre, compensando as quedas observadas nas demais nações.
“É uma relação comercial sólida, construída ao longo de décadas”, ressaltou o Mourad . O Brasil exporta proteína halal desde o final dos anos 1970, e hoje é o maior fornecedor mundial de carnes certificadas de acordo com as normas islâmicas.
Mercado bilionário e exigente
As exportações totais do Brasil para os países do Oriente Médio e Norte da África alcançaram US$ 9,22 bilhões entre janeiro e junho de 2025. Desse total, a carne de frango responde por cerca de 19% do volume comercializado.
A proteína halal exige o cumprimento rigoroso de preceitos religiosos e sanitários — desde a criação e alimentação das aves até o abate e transporte. O termo halal significa “lícito” em árabe, ou seja, aquilo que é permitido pela fé islâmica.
“Estamos falando de um mercado que envolve cerca de 2 bilhões de consumidores, um quarto da população mundial. Esse processo vai além da carne: ele reflete respeito, tradição e confiança”, diz Mourad.
