VIDA NO CAMPO

Avicultura impulsiona virada de chave de ex-extensionista em Pareci Novo (RS)

Avicultura moderna, integração e gestão elevam resultados; produtor planeja 10 galpões e diversifica negócios

Avicultura impulsiona virada de chave de ex-extensionista em Pareci Novo (RS)

A avicultura mudou a trajetória de Márcio Ecce, técnico de campo por 13 anos que virou produtor em Pareci Novo (RS). Sem morar na fazenda, ele coordena um casal de granjeiros e centraliza a gestão. A rotina combina disciplina, tecnologia e parceria próxima com a assistência técnica.

A virada começou há cerca de sete anos, com a decisão de construir a primeira granja. O crédito demorou, porque o banco não aceitava a experiência como extensionista como tempo de produtor. Ainda assim, o projeto saiu do papel: obra concluída no fim de 2023 e quase dois anos de produção até novembro de 2025.

No caminho, veio o teste mais duro: a influenza aviária, com foco a 30 quilômetros da propriedade. Apesar da incerteza, o sistema respondeu rápido e as exportações voltaram, reforçando a confiança sanitária do país. Para Márcio, o episódio mostrou que processos e biosseguridade já estavam à altura do desafio.

A transição da prancheta para o galpão exigiu outra musculatura. “Orientar é diferente de executar”, resume ele, que aprendeu a priorizar ambiência, manejo inicial e intervalo. Hoje, segue procedimentos padronizados e usa dados de consumo, ganho e mortalidade para corrigir a rota diariamente.

A granja opera com dois galpões Dark House de pressão negativa, 165 metros cada, climatizados e com alarmes e sensores. O alojamento gira em torno de 112 mil aves por lote, focado em frango griller inteiro, abatido entre 25 e 27 dias, com cerca de 1,4 kg. A automação reduz erros, acelerou respostas e elevou o conforto animal.

Além da granja, Márcio abriu uma fábrica de lonas para aviários no próprio município. A demanda crescente e a oferta limitada no estado abriram espaço para diversificação. O negócio reforça o caixa e amplia a visão sobre necessidades reais das propriedades.

Com assistência semanal, o extensionista — ex-colega de escola agrícola — cruza referências de várias granjas e traz ajustes práticos. O foco recai em ventilação, aquecimento, qualidade de cama, densidade, água e calibres de comedouro. Tudo entra no checklist para manter padrões e repetir o que funciona.

Os resultados vieram cedo. Em pouco tempo, a granja emplacou premiações no programa interno da integradora por conversão alimentar e qualidade de carcaça. Para a equipe, disciplina no intervalo e manejo forte nos sete primeiros dias definem o lote.

A influenza deixou lições claras: reforçar barreiras, higienizar acessos e padronizar fluxos de pessoas e veículos. Contudo, nada exigiu invenções; apenas cumprimento rigoroso das orientações técnicas. Segundo Márcio, a sanidade começa na porteira e se sustenta no dia a dia.

O modelo de integração garantiu previsibilidade para financiar, alojar e escoar a produção. A segurança contratual dá tração ao investimento e facilita o diálogo técnico. Em troca, o produtor cumpre metas de desempenho e sanidade, o que reduz perdas e melhora indicadores.

Na gestão, Márcio centraliza notas, planilhas e controles, enquanto os granjeiros executam o manejo fino. Essa divisão encurta decisões, evita ruídos e acelera correções de rumo. O objetivo é simples: padronizar processos e manter constância de resultados.

A rotina continua intensa, mas mais eficiente. Sensores antecipam problemas e alarmes reduzem o risco de falhas críticas. Com isso, a equipe concentra tempo no que impacta a ave: ambiência estável, água fresca, cama seca e alimentação calibrada.

Os próximos passos já estão desenhados: mais quatro galpões em município vizinho e, depois, nova etapa até totalizar dez estruturas. A estratégia foca modernização contínua e automação para reduzir o esforço manual e aumentar a repetibilidade.

Para quem quer entrar no setor, Márcio recomenda estudar, visitar granjas, começar com assistência próxima e respeitar o checklist diário. No início, a curva de aprendizagem exige paciência; em seguida, os números confirmam o caminho.

Por fim, ele reforça o propósito: produzir proteína acessível, nutritiva e aceita no mundo todo. Com tecnologia, gestão e parceria, a avicultura segue promissora — especialmente para jovens dispostos a aprender e padronizar processos.

*Sob supervisão de Luis Roberto Toledo


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