BIODIGESTOR NO CAMPO

Biodigestores na granja: como transformar resíduos em energia e renda

Tecnologia permite gerar eletricidade, reduzir custos e tornar a produção mais sustentável com uso correto dos dejetos animais

Biodigestores na granja: como transformar resíduos em energia e renda

Nos bastidores da produção de proteína animal, um tema vem ganhando força entre produtores de aves e suínos: o uso de biodigestores para transformar os resíduos orgânicos gerados nas granjas em energia elétrica, biofertilizantes e novas fontes de renda. Mas por onde começar esse tipo de projeto? Quais os primeiros passos e como escolher o modelo ideal para cada propriedade?

Essas foram algumas das perguntas respondidas pelo pesquisador Fábio Ruben Soares, do GBI – Grupo de Pesquisa em Bioenergia do Instituto de Energia e Ambiente da USP. Segundo ele, o primeiro passo é entender se o projeto é economicamente viável.

“Antes de qualquer coisa, o produtor precisa saber quanto dejeto animal ele produz por dia ou mês, qual o consumo de energia da propriedade e se há espaço disponível para instalar um biodigestor”, explica Fábio.

Esses dados permitem calcular o volume potencial de biogás gerado e, a partir dele, estimar a produção de energia elétrica e a quantidade de biofertilizante reaproveitável na lavoura ou para venda.

Essa análise técnica também permite mensurar o investimento necessário e o tempo de retorno financeiro, com base nos custos evitados, como a compra de adubos químicos e o consumo da rede elétrica.

Existem dois modelos mais comuns de biodigestores no meio rural:

  • Lagoa coberta: Ideal para pequenos e médios produtores, tem construção mais simples e menor custo, apesar de exigir mais área e maior atenção no manejo. Ainda assim, é funcional e bastante utilizado no Brasil.
  • CSTR (Tanque de Mistura Contínua): Mais moderno, automatizado e com alto rendimento, é indicado para médios e grandes produtores. O investimento inicial é maior, mas o sistema garante eficiência energética, menor necessidade de mão de obra e maior controle operacional.

“A escolha do tipo de biodigestor vai depender diretamente do porte da produção, da capacidade de investimento e do perfil de uso desejado”, reforça Fábio.

O Interligados está na tela do Canal Rural de segunda a quinta-feira às 11h45 e sexta-feira às 11h30.

O biogás gerado no processo pode ser usado para:

  • Geração de energia elétrica na própria granja;
  • Aquecimento de instalações;
  • Venda de energia excedente, em alguns casos.

Já o resíduo do biodigestor, conhecido como digestato, pode ser utilizado como fertilizante líquido ou sólido, substituindo adubos químicos na lavoura e reduzindo custos de produção.

Além disso, o sistema contribui para o cumprimento de exigências ambientais e sanitárias, ao dar destinação correta aos dejetos animais, evitando contaminação do solo e dos mananciais.

O pesquisador da USP destaca que, além da redução de impactos ambientais, o biodigestor pode ser uma excelente estratégia de gestão econômica da propriedade.

“O produtor passa a gerar sua própria energia, reduz custos com fertilizantes e pode até vender o excedente. Isso representa mais eficiência e sustentabilidade no campo”, afirma.

Para quem deseja começar, o ideal é buscar apoio técnico qualificado para a elaboração de um plano de viabilidade, com levantamento dos dados zootécnicos, energéticos e produtivos da granja.

“Com o projeto bem estruturado, o produtor rural deixa de ver o dejeto como um problema e passa a enxergar uma oportunidade de geração de valor para o negócio”, conclui Fábio.

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