ENERGIA NO CAMPO

Biodigestor na suinocultura e avicultura: como transformar resíduos em renda

Série especial do Interligados mostra os oito passos para implementar um biodigestor na granja, começando pelos estudos iniciais de viabilidade

Biodigestor na suinocultura e avicultura: como transformar resíduos em renda

Todo produtor de aves e suínos sabe: a criação gera uma grande quantidade de resíduos orgânicos. A boa notícia é que esse passivo ambiental pode ser transformado em fonte de renda e energia limpa, por meio do uso do biodigestor na suinocultura e avicultura.

A partir de agora, você acompanha no Interligados os oito passos para tirar esse projeto do papel. A série mostra todas as etapas – desde o planejamento inicial até a operação e validação final do sistema. Neste primeiro conteúdo, o foco está nos estudos iniciais de viabilidade técnica e econômica da instalação de um biodigestor.

E quem explica os primeiros passos dessa jornada é o pesquisador Fábio Soares, do Grupo de Pesquisa em Bioenergia da USP.

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Segundo Soares, tudo começa com a análise do espaço disponível na propriedade, a quantidade de dejetos produzidos diariamente e os objetivos do produtor. É preciso saber, por exemplo, se a meta é gerar energia térmica ou elétrica.

“A gente calcula, em média, 5 a 6 litros de dejetos por dia por suíno, e de 1 a 2,5 litros por ave. Essa quantificação define o tamanho do projeto e a estimativa de produção de biogás”, explica o especialista.

Além disso, o tipo de resíduo também conta. O sistema pode receber fezes, urina e até carcaças, desde que sejam misturados com água para se tornarem fluídos. Esse material é então conduzido ao biodigestor, onde ocorre a fermentação anaeróbica e a geração do biogás.

 custo do projeto varia conforme o tipo de biodigestor. Os modelos mais simples, como lagoas cobertas, custam entre R$ 200 e R$ 500 por metro cúbico de capacidade instalada. Já os sistemas mais completos, como o CSTR com agitação e controle de temperatura, podem ultrapassar R$ 3.500 por metro cúbico.

“Esse estudo é essencial para o produtor saber o investimento necessário, as possíveis receitas, o retorno financeiro e o tempo de payback”, destaca Soares.

Além do biogás para geração de energia elétrica ou térmica, o produtor ainda pode investir em sistemas de purificação, que transformam o biogás em biometano, um combustível renovável de alto valor.

Ao aproveitar os dejetos da granja, o produtor reduz impactos ambientais e evita o descarte inadequado. Esse cuidado é fundamental para conseguir as licenças ambientais, pois os órgãos exigem estudos técnicos sobre os efeitos positivos e negativos do projeto.

O processo de biodigestão ainda gera o digestato, um subproduto rico em nitrogênio, fósforo e potássio, que pode substituir fertilizantes químicos na lavoura ou ser usado em fertirrigação.

Segundo o pesquisador, 70% a 80% dos produtores ainda não aproveitam esse potencial. Com incentivos como os do BNDES, Banco do Brasil e programas de crédito rural, é possível financiar o projeto com apoio técnico e subsídios.

“Ao usar os dejetos, o produtor não apenas elimina um passivo, mas também desbloqueia a capacidade produtiva da granja. Muitos estão no limite de armazenamento e não conseguem expandir. O biodigestor resolve esse gargalo”, afirma Soares.

Essa é apenas a primeira etapa da série sobre como implementar um biodigestor. No próximo episódio, você vai ver como desenvolver o projeto e avançar para a fase de licenciamento e construção.

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