
O setor de proteína animal brasileira chega ao último trimestre de 2025 com sinais de otimismo. Após enfrentar desafios sanitários e embargos pontuais, especialmente na avicultura, os produtores voltam a enxergar um cenário favorável de exportações e margens equilibradas.
Segundo o analista de mercado Fernando Iglesias, da consultoria Safras & Mercado, o Brasil soube reagir rapidamente ao impacto da gripe aviária e deve encerrar o ano com desempenho positivo tanto na avicultura quanto na suinocultura.
“Setembro foi um mês muito bom para as exportações de carne de frango, com quase 500 mil toneladas embarcadas. Podemos fechar 2025 entre 5,1 milhões e 5,2 milhões de toneladas, um resultado excelente diante das adversidades”, avaliou Iglesias.
China ainda mantém embargo, mas retomada deve ocorrer em breve
O analista lembrou que a China é o único grande mercado que ainda não retomou as compras de carne de frango do Brasil. Uma missão técnica chinesa esteve recentemente no país para inspecionar o sistema de defesa sanitária, e a expectativa é de que o embargo seja suspenso nas próximas semanas.
“O Brasil foi exemplo para o mundo, controlou rapidamente o foco da doença e comprovou a segurança da sua produção. Agora, é uma questão de tempo para a China retomar as compras”, afirmou Iglesias, destacando que o processo costuma ser mais burocrático do lado chinês.
Enquanto isso, o mercado doméstico tem sido essencial para sustentar os preços. A carne de frango ganhou força entre os consumidores brasileiros pela competitividade frente à bovina, impulsionando a recuperação de valores. “O frango vivo subiu de R$ 5,60 para R$ 6,40 o quilo no interior paulista, e o frango congelado chegou a R$ 7,70”, pontuou o analista.
Último trimestre deve manter preços firmes
Com a chegada do 13º salário, aumento do consumo e festas de fim de ano, a demanda por proteína tende a crescer. Para Iglesias, esse movimento sustentará os preços até dezembro.
“O último trimestre é sempre o mais forte do ano. Com custos controlados e consumo aquecido, o mercado deve conviver com boas margens”, explicou.
Suinocultura vive melhor fase em duas décadas
Se a avicultura se mostra resiliente, a suinocultura vive um dos melhores momentos dos últimos 20 anos. O levantamento do Cepea mostra que os suinocultores paulistas estão com margens confortáveis, impulsionadas pela queda do custo da ração.
“Hoje quem paga a conta do esmagamento da soja é o óleo, por causa do biodiesel. O farelo está mais acessível e, junto à boa oferta de milho, isso mantém os custos controlados”, afirmou o especialista.
As exportações de carne suína seguem firmes, com recordes previstos até o fim do ano. O consumo interno também cresce, impulsionado pelas festas de Natal e Ano Novo. “É um período em que o brasileiro tradicionalmente consome mais carne suína, e isso contribui para um ambiente otimista e de preços sustentados”, disse.
Diversificação de mercados fortalece o Brasil
Outro ponto destacado por Iglesias é a diversificação das exportações brasileiras. Hoje, o maior comprador da carne suína do país não é mais a China, mas as Filipinas, seguidas por México, Chile, Argentina e países asiáticos como Vietnã e Singapura.
“O Brasil aprendeu a não depender de um único comprador. Essa pulverização é saudável e garante estabilidade em momentos de crise”, destacou o analista.
Expectativa é de um fim de ano positivo
Com custos sob controle, exportações em alta e consumo aquecido, o balanço de 2025 deve ser positivo para o setor de carnes.
“O produtor brasileiro conseguiu se adaptar, diversificar e manter a competitividade. A avicultura e a suinocultura devem encerrar o ano com margens equilibradas e perspectivas ainda melhores para 2026”, concluiu Fernando Iglesias.
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