DDG ganha espaço na ração animal e reduz custos na produção de aves e suínos

Crescimento das biorrefinarias amplia oferta e reforça competitividade da proteína animal brasileira

DDG ganha espaço na ração animal e reduz custos na produção de aves e suínos

A utilização de DDG – sigla em inglês para grãos secos de destilaria – na nutrição de aves e suínos vem ganhando força no Brasil, impulsionada pela expansão das biorrefinarias de milho nos últimos oito anos. O coproduto, obtido do processo de produção de etanol, deve alcançar quase 5 milhões de toneladas em 2025, consolidando-se como alternativa de custo reduzido para as formulações de ração.

O avanço foi liderado por Mato Grosso, que concentra algumas das maiores usinas do país e ajudou a transformar o DDG em ingrediente estratégico, capaz de substituir parte do milho e do farelo de soja — componentes que representam até 75% do custo total da ração.

De segunda a sexta, às 18h30, o Interligados está na tela do Canal Rural junto com o Rural Notícias. E toda sexta, às 11h30, tem episódio inédito do Vida no Campo!

Segundo o consultor em nutrição animal Ideraldo Lima, a rápida expansão das biorrefinarias mudou o cenário da nutrição, agregando sustentabilidade, previsibilidade e competitividade ao setor de proteína animal.

A estrutura industrial que dá origem ao DDG começou a se consolidar em 2017, com a inauguração de uma das maiores usinas de etanol de milho instaladas em Mato Grosso. Desde então, o crescimento não parou: o país já conta com 24 biorrefinarias e outras 28 devem entrar em operação nos próximos dois anos.

Esse avanço industrial criou um fluxo consistente de oferta de DDG, que deixou de ser chamado de subproduto para ganhar o status de coproduto valorizado. Essa mudança reflete seu peso crescente na composição das dietas animais.

O processo que origina o DDG é direto: o milho é moído, fermentado com leveduras e tem seu amido convertido em etanol. Os demais nutrientes — proteína, óleo, fibra e minerais — permanecem concentrados no DDG e são destinados à alimentação animal.

A introdução do DDG nas dietas exige precisão técnica, mas responde com bons resultados. Estudos realizados pelas indústrias e por instituições de pesquisa permitiram avaliar a substituição segura de parte do farelo de soja por DDG, sem prejuízo ao desempenho animal.

Na prática, o coproduto se encaixa em modelos de formulação baseados em algoritmos matemáticos, garantindo que a dieta final mantenha equilíbrio nutricional e desempenho zootécnico adequado.

Além disso, o consultor destaca que o DDG contribui para reduzir custos de produção, fortalecendo a competitividade do Brasil tanto no mercado interno quanto nas exportações de proteína.

Nas cadeias de aves e suínos, classificadas como monogástricos, a nutrição de precisão é fundamental. Por isso, a inclusão do DDG depende de formulações muito bem ajustadas, mas pode resultar em desempenho equivalente ou superior ao obtido com dietas tradicionais.

O uso também se estende ao gado de corte, especialmente em sistemas de confinamento, embora o foco principal esteja nas integrações de aves e suínos.

A logística, no entanto, ainda impõe desafios. Como a maior parte das usinas está localizada no Centro-Oeste, o custo do frete aumenta conforme o produto se afasta da região produtora. Mesmo assim, o DDG se mantém competitivo, sobretudo quando avaliado dentro dos modelos matemáticos de formulação.

O potencial do DDG não se limita ao milho. Usinas brasileiras já incorporam o sorgo no processo de biorrefinaria, ampliando a oferta de coprodutos e criando novas oportunidades para regiões que enfrentam limitações climáticas para o cultivo de milho.

O sorgo, mais resistente à seca, tende a ganhar espaço e deve impulsionar ainda mais a disponibilidade de DDG no país.

No Rio Grande do Sul, unidades industriais também testam a produção a partir do trigo, reforçando a versatilidade do processo e ampliando as opções de matérias-primas para produzir etanol e DDG.

Para Ideraldo Lima, o DDG representa um dos exemplos mais claros de integração entre agricultura, indústria e pecuária. O coproduto promove economia, agrega valor e contribui para um modelo mais sustentável de produção de proteínas.

O consultor acredita que a expansão das biorrefinarias, aliada a melhorias logísticas e avanço das tecnologias de formulação, deve ampliar ainda mais o uso do DDG nos próximos anos.

Para o produtor rural, a tendência é clara: dietas mais eficientes, custo equilibrado e maior previsibilidade para enfrentar a oscilação dos preços de grãos.

*Sob supervisão de Luis Roberto Toledo

Sair da versão mobile