
O mês de outubro registrou comportamentos distintos entre as principais proteínas do mercado brasileiro. De acordo com o analista do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), Luís Henrique Melo, apenas o frango apresentou valorização em relação a setembro, impulsionado pela retomada das exportações e pela normalização do mercado interno após os impactos da gripe aviária.
“Após meses conturbados, tivemos forte recuperação dos preços do frango com o retorno gradual das exportações aos principais parceiros do Brasil. Isso ajudou a enxugar a oferta interna e estabilizar a dinâmica do setor”, explicou Melo.
Suínos e ovos em queda
Enquanto o frango apresentou alta, o mercado de suínos registrou retração nos preços. Segundo o analista, setembro havia marcado o maior patamar do ano, o que dificultou a sustentação das cotações em outubro.
“Com a demanda interna enfraquecida na segunda quinzena e a população com menor poder de compra, as indústrias encontraram dificuldade para repassar os custos, o que levou à queda no preço do animal vivo”, detalhou.
Já o segmento de ovos completou o segundo mês consecutivo de baixa, atingindo em outubro o menor nível real desde novembro de 2024. O enfraquecimento da demanda e a necessidade de descontos para escoar a produção pressionaram ainda mais as cotações.
Custos sob controle e margens positivas
Apesar da pressão sobre os preços de suínos e ovos, os custos de produção permanecem sob controle, com milho e farelo de soja em níveis baixos frente aos últimos anos. Isso tem garantido boas margens aos produtores.
O Cepea destacou que, mesmo com a queda, os suínos seguem com rentabilidade positiva, e o setor de frango apresentou desempenho histórico. “Em 2025, o frango alcançou o maior poder de compra frente ao farelo de soja em mais de 20 anos, mostrando a resiliência da avicultura brasileira”, ressaltou Melo.
Expectativas para o fim do ano
Com a aproximação das festas de fim de ano, o Cepea avalia que o último trimestre deve ser positivo, especialmente para o setor de suínos, que tradicionalmente ganha espaço nas ceias e comemorações.
“Historicamente, o fim do ano é bom para a suinocultura, com aumento das exportações e formação de estoques. A oferta interna controlada deve sustentar os preços”, afirmou o analista.
No caso do frango, cortes tradicionais, como o peito, devem continuar ganhando espaço nas comemorações, substituindo parte das aves natalinas. Para os ovos, a expectativa é de estabilidade em novembro, com possíveis quedas pontuais na segunda quinzena.
