Biosseguridade

Gripe aviária exige atenção redobrada dos avicultores

Com a confirmação da gripe aviária em plantel comercial no RS, Embrapa reforça medidas de biosseguridade nas granjas

Gripe aviária exige atenção redobrada dos avicultores

A gripe aviária voltou a preocupar os avicultores brasileiros com a recente confirmação de um caso em uma granja comercial no Rio Grande do Sul. O alerta agora é total, e a palavra-chave entre os especialistas é uma só: biosseguridade. Em entrevista ao Interligados, o pesquisador Luizinho Caron, da Embrapa Suínos e Aves, detalhou os cuidados essenciais para conter a doença nas propriedades.

O Interligados está na tela do Canal Rural de segunda a quinta-feira às 11h45 e sexta-feira às 11h30.

“Esse caso acende um alerta importante para que os produtores reforcem os cuidados no dia a dia da granja”, afirmou Caron.

Entre os pontos críticos, ele destacou medidas simples, mas que fazem toda a diferença, como a troca de calçados, a lavagem das mãos, e, sempre que possível, a troca de roupas e o banho completo antes de entrar no aviário.

Com a chegada do outono e do inverno, o vírus encontra um ambiente ainda mais propício para circular.

“É nesse período que o vírus permanece ativo por mais tempo no ambiente, principalmente quando eliminado por aves silvestres e aquáticas”, explicou o pesquisador.

Por isso, todo cuidado deve ser redobrado.

Caron lembra que o produtor deve evitar ao máximo a presença de visitantes e impedir qualquer contato com aves de fora da granja. A instalação de telas reforçadas nas janelas e portas é indispensável para evitar a entrada de animais não controlados.

Outro ponto de atenção são as fontes de água. É preciso garantir a proteção da caixa d’água, evitar contaminações com fezes de aves e manter o pH e a cloração sempre em níveis adequados.

Um dos primeiros sinais da infecção por influenza aviária é a mortalidade súbita.

“Se mais de 10% do plantel morrer em até 72 horas, é obrigatório acionar o serviço oficial para coleta de amostras”, alertou Caron.

Em casos mais extremos, a taxa pode chegar a 20% do lote, o que evidencia a agressividade do vírus.

Outros sinais clínicos importantes incluem hemorragias nas pernas, crista e barbela — que podem ficar azuladas —, além de sintomas neurológicos, como dificuldade de locomoção e até de se manter em pé.

“Esses sintomas devem servir de alerta máximo ao produtor”, reforçou o pesquisador.

A transmissão da gripe aviária ocorre, principalmente, pela via oral-fecal. A ingestão de água ou alimento contaminado por excretas de aves infectadas é a principal forma de infecção. Os subtipos mais preocupantes são os H5 e H7, que podem causar alta mortalidade em poucas horas.

“Em 72 horas, um galpão inteiro pode perder todas as aves”, alertou Luizinho.

Por isso, ao observar qualquer alteração, o produtor deve procurar imediatamente o veterinário da integradora ou o serviço veterinário oficial do estado, como a Cidasc em Santa Catarina.

Apesar dos avanços nas pesquisas, a vacinação contra a gripe aviária ainda apresenta limitações.

 “As vacinas existentes oferecem uma imunidade de curta duração, em média 60 dias”, explicou o pesquisador.

Além disso, mesmo as aves vacinadas ainda podem ser infectadas e terão que ser sacrificadas.

Na Europa, especialmente na Holanda, testes com novas formulações que oferecem proteção mais duradoura estão em andamento. No Brasil, a Embrapa desenvolve uma plataforma para uma vacina voltada ao subtipo H1N1, com potencial de ampliação para outros subtipos virais.

A orientação de Luizinho Caron é clara:

 “O produtor precisa estar vigilante, atento a cada detalhe na rotina da granja. A biosseguridade é a principal arma contra a gripe aviária”.

Diante da ameaça constante, o setor avícola brasileiro precisa manter os olhos abertos e seguir à risca os protocolos recomendados. Com informação, prevenção e ação rápida, é possível manter a sanidade dos plantéis e garantir a produção segura de proteína animal.

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