Aves e suínos

Sistemas de produção de aves e suínos: entenda as diferenças entre os modelos independente, integrado e cooperado

Especialista explica como cada estrutura produtiva impacta os custos, a rentabilidade e a competitividade dos criadores de frango e suínos no Brasil

Sistemas de produção de aves e suínos: entenda as diferenças entre os modelos independente, integrado e cooperado

A produção de aves e suínos no Brasil é baseada em três modelos principais: independente, integrado e cooperado. Cada um possui características próprias que influenciam diretamente nos custos de produção, na rentabilidade do criador e na competitividade do produto no mercado nacional e internacional.

Para entender melhor essas diferenças e os desafios enfrentados por quem está no campo, o programa Interligados conversou com Adroaldo Hoffmann, produtor de aves e presidente da Comissão Nacional de Aves e Suínos da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).

O Interligados está na tela do Canal Rural de segunda a quinta-feira às 11h45 e sexta-feira às 11h30.

Na avicultura, predominam os sistemas cooperado e integrado, enquanto na suinocultura, há presença dos três: independente, cooperado e integrado. No sistema integrado, o produtor recebe da empresa parceira os insumos principais — como ração e pintinhos — além de orientação técnica. Em contrapartida, entra com mão de obra, galpão e energia.

Segundo Hoffmann, isso reduz os riscos financeiros do produtor, mas também limita sua participação na comercialização.

“O produtor integrado não sente o impacto da valorização do dólar, por exemplo, já que a remuneração dele não acompanha o preço de mercado”, explica.

Já o modelo independente coloca toda a responsabilidade sobre os ombros do produtor. Ele compra os insumos, decide o manejo e comercializa por conta própria. O risco é maior, mas o potencial de lucro também.

“O produtor independente participa mais das altas do mercado, mas também sente os momentos de baixa com maior intensidade”, afirma Adroaldo.

O modelo cooperado, por sua vez, tem semelhanças com o integrado, mas oferece ao produtor a chance de participar mais ativamente das decisões.

“No cooperado, há maior envolvimento na gestão da produção e, em muitos casos, participação nos lucros da cooperativa”, pontua.

Na prática, os sistemas produtivos impactam diretamente a formação dos custos e a previsibilidade financeira da atividade. O produtor independente precisa ter estrutura consolidada e acesso a crédito, enquanto o integrado conta com o suporte da agroindústria.

“O produtor é a galinha dos ovos de ouro da indústria. Com a assistência técnica adequada, ele pode melhorar a conversão alimentar, reduzir mortalidade e aumentar produtividade. Mas para isso acontecer, é essencial que exista um estímulo técnico e financeiro bem alinhado com a realidade de cada granja”, destaca Hoffmann.

Desde 2006, o Brasil conta com uma Lei da Integração, que criou a figura das CADECs — comissões para diálogo entre produtores e integradoras — com o objetivo de equilibrar as relações e garantir mais transparência. Segundo Hoffmann, esse é um passo importante, mas ainda há espaço para melhorias.

“O produtor precisa estar organizado, qualificado e disposto a dialogar de forma construtiva com a indústria. Só assim o sistema de integração pode evoluir e continuar sendo um modelo de sucesso”, afirma.

Ele também reforça que o diálogo entre indústria e produtores é essencial.

“Nenhum sistema sobrevive sem escuta e sem ajuste. O segredo está em manter o produtor engajado e motivado para continuar produzindo com qualidade”, completa.

Para o presidente da Comissão Nacional de Aves e Suínos da CNA, todos os sistemas têm sua importância estratégica. O modelo independente é forte entre produtores com mais capital e estrutura. O cooperado permite maior participação nas decisões. E o integrado viabiliza a permanência de milhares de pequenos e médios produtores no campo.

“O sistema de integração foi e ainda é um sucesso no Brasil. Mas para seguir sustentável, ele precisa evoluir. Por isso, o papel da CNA é garantir fóruns de diálogo entre produtores, indústrias e cooperativas, promovendo o equilíbrio nas relações e a melhoria contínua”, conclui Hoffmann.

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