A produção de aves e suínos no Brasil é baseada em três modelos principais: independente, integrado e cooperado. Cada um possui características próprias que influenciam diretamente nos custos de produção, na rentabilidade do criador e na competitividade do produto no mercado nacional e internacional.
Para entender melhor essas diferenças e os desafios enfrentados por quem está no campo, o programa Interligados conversou com Adroaldo Hoffmann, produtor de aves e presidente da Comissão Nacional de Aves e Suínos da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).
Entenda os três modelos de produção adotados no Brasil
Na avicultura, predominam os sistemas cooperado e integrado, enquanto na suinocultura, há presença dos três: independente, cooperado e integrado. No sistema integrado, o produtor recebe da empresa parceira os insumos principais — como ração e pintinhos — além de orientação técnica. Em contrapartida, entra com mão de obra, galpão e energia.
Segundo Hoffmann, isso reduz os riscos financeiros do produtor, mas também limita sua participação na comercialização.
“O produtor integrado não sente o impacto da valorização do dólar, por exemplo, já que a remuneração dele não acompanha o preço de mercado”, explica.
Já o modelo independente coloca toda a responsabilidade sobre os ombros do produtor. Ele compra os insumos, decide o manejo e comercializa por conta própria. O risco é maior, mas o potencial de lucro também.
“O produtor independente participa mais das altas do mercado, mas também sente os momentos de baixa com maior intensidade”, afirma Adroaldo.
O modelo cooperado, por sua vez, tem semelhanças com o integrado, mas oferece ao produtor a chance de participar mais ativamente das decisões.
“No cooperado, há maior envolvimento na gestão da produção e, em muitos casos, participação nos lucros da cooperativa”, pontua.
Custos, riscos e rentabilidade em cada modelo
Na prática, os sistemas produtivos impactam diretamente a formação dos custos e a previsibilidade financeira da atividade. O produtor independente precisa ter estrutura consolidada e acesso a crédito, enquanto o integrado conta com o suporte da agroindústria.
“O produtor é a galinha dos ovos de ouro da indústria. Com a assistência técnica adequada, ele pode melhorar a conversão alimentar, reduzir mortalidade e aumentar produtividade. Mas para isso acontecer, é essencial que exista um estímulo técnico e financeiro bem alinhado com a realidade de cada granja”, destaca Hoffmann.
O papel da legislação e da organização dos produtores
Desde 2006, o Brasil conta com uma Lei da Integração, que criou a figura das CADECs — comissões para diálogo entre produtores e integradoras — com o objetivo de equilibrar as relações e garantir mais transparência. Segundo Hoffmann, esse é um passo importante, mas ainda há espaço para melhorias.
“O produtor precisa estar organizado, qualificado e disposto a dialogar de forma construtiva com a indústria. Só assim o sistema de integração pode evoluir e continuar sendo um modelo de sucesso”, afirma.
Ele também reforça que o diálogo entre indústria e produtores é essencial.
“Nenhum sistema sobrevive sem escuta e sem ajuste. O segredo está em manter o produtor engajado e motivado para continuar produzindo com qualidade”, completa.
Qual o modelo mais eficiente?
Para o presidente da Comissão Nacional de Aves e Suínos da CNA, todos os sistemas têm sua importância estratégica. O modelo independente é forte entre produtores com mais capital e estrutura. O cooperado permite maior participação nas decisões. E o integrado viabiliza a permanência de milhares de pequenos e médios produtores no campo.
“O sistema de integração foi e ainda é um sucesso no Brasil. Mas para seguir sustentável, ele precisa evoluir. Por isso, o papel da CNA é garantir fóruns de diálogo entre produtores, indústrias e cooperativas, promovendo o equilíbrio nas relações e a melhoria contínua”, conclui Hoffmann.
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