Avicultura é a palavra que mudou o destino da família Gross, em Palmeira, no Paraná. Depois de décadas na cultura do tabaco, Nilson e o irmão Givanildo decidiram virar a chave. O objetivo era claro: mais saúde, previsibilidade de renda e futuro dentro da própria terra.
A decisão nasceu em casa, ouvindo rádio e conversando à mesa com a família. Ao saber que a Seara avaliava expandir a integração no município, eles buscaram informações. Em seguida, visitaram granjas-modelo, conversaram com técnicos e fizeram as contas com cuidado.
O passado no fumo deixou lições, mas pesou no corpo e na rotina. O pai adoeceu cedo, e os irmãos assumiram responsabilidades ainda adolescentes. Com o tempo, ficou evidente que o ambiente controlado dos aviários oferecia melhores condições de trabalho.
Da ideia à obra: como a granja saiu do papel
A virada começou três anos atrás, com projeto, crédito e cronograma na parede. A família ergueu dois galpões climatizados, dimensionados para operações padronizadas e manejo simples. O suporte técnico ajudou nos primeiros alojamentos e reduziu o medo comum do início.
Desde o começo, cada um assumiu um papel na operação. Nilson lidera o manejo, Givanildo divide as rotinas e Edinéia entra forte nos picos de trabalho. Já Giane cuida da contabilidade, baixa custos, controla notas e mantém o caixa previsível.
A integração trouxe previsibilidade de pintinho, ração e retirada, além de metas claras por lote. Treinamentos em ambiência, elétrica e regulagem dos equipamentos elevaram a confiança. O resultado veio rápido: desempenho acima da média e reconhecimento regional.
Manejo de detalhe: onde o resultado aparece
Na granja, os detalhes fazem a diferença no fim do lote. A família regula comedouros e bebedouros, evita desperdícios e monitora consumo diário. Assim, reduz condenações, melhora a conversão e protege a margem do produtor.
Ambiência virou rotina diária, não tarefa eventual. Com galpões climatizados, a equipe programa os controladores e checa respostas das aves. Se algo foge do padrão, o ajuste acontece na hora, sem esperar o problema crescer.
O aprendizado trouxe prêmio do SuperAgro pela conversão alimentar. Para quem começou do zero na atividade, a conquista valeu como confirmação. A mensagem ficou: a disciplina vence, especialmente quando a família puxa junto.
Qualidade de vida, sucessão e visão de futuro
A avicultura mudou a renda e o ânimo em casa. O “porto seguro” financeiro substituiu a incerteza do fumo. A família já diminuiu a área de tabaco e planeja encerrar a cultura em definitivo.
A sucessão acontece no dia a dia, com exemplos simples. O filho Arthur, de dez anos, entende a lógica do lote e torce na retirada. Ver o caminhão sair carregado reforça o orgulho de produzir alimento limpo para o Brasil e o mundo.
O sonho agora é expandir com foco e eficiência. A meta inclui mais tecnologia, processos enxutos e uma única atividade: a avicultura. A família quer crescer sem perder o que a fez forte: união, simplicidade e atenção ao detalhe.
O recado para quem pensa em começar
Antes de investir, vale acompanhar de perto a rotina de um aviário. A atividade exige zelo diário, disciplina com números e gosto pelo manejo. Com vontade, treinamento e integração sólida, o resultado aparece.
Para os Gross, a fórmula tem três pilares bem práticos. Primeiro, ambiência bem-feita todos os dias; segundo, regulagem fina para zerar desperdícios; terceiro, gestão no papel — custos, metas e conferência lote a lote. O básico, bem repetido, constrói desempenho.
No Pinal de Baixo, a família mostra que dá para prosperar sem sair do interior. Entre café cedo e painel ajustado, a granja virou escola e sustento. E, a cada ciclo, o legado cresce com trabalho, técnica e um olhar carinhoso pelas aves.
*Sob supervisão de Luis Roberto Toledo
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