Na avicultura moderna, o cuidado com o frango começa muito antes do primeiro grão de ração. A técnica conhecida como nutrição em ovo antecipa os cuidados com os pintinhos ainda dentro da incubadora, aplicando nutrientes diretamente no embrião. O objetivo é garantir que eles nasçam mais preparados para enfrentar os desafios do campo.
Quem explica os detalhes é a zootecnista Thamirys Vianelli, professora e doutoranda em Zootecnia pela Universidade Federal de Goiás. Segundo ela, a incubação é uma fase crítica do ciclo de vida da ave, e o embrião tem alta demanda energética, principalmente nos últimos dias antes da eclosão. Como toda nutrição depende apenas do conteúdo do ovo, a suplementação se torna estratégica.
“Diferente dos mamíferos, os frangos não recebem aleitamento. Por isso, oferecer nutrientes adicionais nessa fase pode fazer muita diferença no desempenho e na saúde dos animais”, explica a especialista.
Vitaminas, probióticos e aminoácidos na medida certa
De acordo com Thamirys, os nutrientes usados na nutrição em ovo variam conforme o objetivo do produtor.
“É possível aplicar carboidratos, aminoácidos, probióticos, simbióticos, geléia real, pólen e até glutamina. Vai depender se o foco é ganho de peso, rendimento de peito ou maior resistência a doenças.”
A aplicação pode ser feita manualmente com agulhas ou, em larga escala, por meio de máquinas automatizadas. No estudo de doutorado de Thamirys, foram combinados probióticos e aminoácidos como a arginina. O resultado foi uma melhora tanto no desenvolvimento do sistema digestivo quanto na resposta imunológica dos frangos.
“Esses aditivos ajudam o intestino do pintinho a se desenvolver melhor, o que reflete diretamente em ganho de peso e menor mortalidade na granja”, reforça.
Técnica reduz uso de medicamentos e melhora conversão alimentar
Um dos grandes benefícios da nutrição em ovo está na possibilidade de reduzir o uso de antibióticos, tendência cada vez mais forte na produção mundial.
“A ideia é usar probióticos para povoar o intestino dos pintinhos com microrganismos benéficos logo após a eclosão. Isso impede que bactérias patogênicas se instalem, diminuindo a necessidade de medicamentos”, destaca Thamirys
Além disso, os estudos mostram que a técnica ajuda os frangos a chegarem mais fortes à granja. Com sistema imunológico mais preparado e melhor conversão alimentar, o resultado final é um animal mais produtivo e com maior rendimento de carcaça.
“A nutrição em ovo prepara o frango desde o início. Ele vai responder melhor à alimentação, crescer mais rápido e resistir melhor aos desafios sanitários”, resume a zootecnista.
Avanços científicos impulsionam aplicação nas granjas
Embora os resultados sejam positivos, ainda há desafios para a adoção mais ampla da técnica. Segundo Thamirys, é preciso ampliar o conhecimento sobre como os nutrientes interagem dentro do ovo e como impactam o embrião.
“Ainda estudamos as combinações ideais, como elas se comportam dentro do organismo em desenvolvimento e qual o melhor momento da aplicação.”
Mesmo assim, a técnica já é realidade em muitas granjas comerciais no Brasil e no mundo. Para a especialista, a tendência é que a nutrição em ovo ganhe cada vez mais espaço, sobretudo em um cenário que busca reduzir antibióticos e melhorar o bem-estar animal.
“É uma ferramenta poderosa, que oferece benefícios em várias frentes: desempenho, imunidade e até sustentabilidade, ao evitar perdas e uso excessivo de medicamentos”, afirma
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