TECNOLOGIA NA AVICULTURA

Qual tipo ideal de aquecedor para pintinhos?

Com temperatura mais baixa e necessidade de modernizar os aviários, produtores devem avaliar bem qual sistema de aquecimento escolher

Qual tipo ideal de aquecedor para pintinhos?

Com a chegada do inverno e a necessidade da modernização dos aviários em muitas regiões do país, a escolha do aquecedor precisa ser avaliada com cuidado pelo produtor, levando em conta o custo de implementação, o operacional bem como a eficiência do sistema.

Nos primeiros dias de vida, os pintinhos não conseguem regular adequadamente sua temperatura corporal, tornando-os altamente dependentes do ambiente. Um aquecimento eficiente reduz o estresse, fortalece a imunidade, previne doenças e contribui para melhores índices de ganho de peso e conversão alimentar, refletindo diretamente no desempenho e na viabilidade econômica do lote.

Falhas nesta etapa podem acarretar aumento de mortalidade, desuniformidade do lote e atraso no crescimento, ocasionando prejuízos para o produtor e para a integradora. Por isso, a recomendação é iniciar o primeiro dia com temperatura de 29 a 33 graus centígrados, de acordo com a linhagem, o que estimula a busca pelo comedouro desde o primeiro dia, melhora o metabolismo e a produção de calor corporal.

Foto: arquivo

Entre as principais formas de aquecimento adotadas nos aviários brasileiros, destacam-se o uso de aquecedores tipo fornalha alimentados com lenha, cavacos de madeira, pellets de madeira e os aquecedores a gás, que podem ser tipo campânula ou espaciais.

Aquecedores com biogás ainda usados na criação de leitões não são viáveis na avicultura devido à pouca quantidade de matéria-prima para geração de biogás, uma vez que é mais rentável para o produtor vender a cama como adubo.

Aquecedores elétricos movidos a energia solar também não são viáveis por causa da alta demanda de energia necessária para geração de calor (efeito Joule), e a falta de incentivo governamental, ao contrário do que ocorre em alguns países.

O aquecimento a lenha ou cavaco de madeira é tradicional devido ao seu baixo custo inicial e facilidade de obtenção em áreas rurais. No entanto, apresenta desafios importantes no manejo: exige acompanhamento constante para abastecimento, limpeza frequente das cinzas, além de riscos de incêndio e variações bruscas de temperatura e qualidade da matéria-prima.

Outro ponto a ser observado é o custo da lenha, que tende a subir à medida em que a oferta diminui ou as restrições ambientais aumentam, tornando o sistema menos vantajoso no longo prazo.

Estudos recentes mostram uma queda brusca na produção de lenha no Brasil, passando de 38,21 milhões m³, em 2010, para 19,08 milhões m³, em 2021 (Nota Técnica nº 30 de 2022 da CNA).

O sistema apresenta uma desvantagem adicional, que é a dificuldade de o produtor demonstrar para a integradora o custo do aquecimento pois, muitas vezes, ele usa madeira da propriedade ou compra madeira sem nota fiscal.

Os pellets de madeira surgiram como alternativa mais eficiente e menos poluente. Utilizados em sistemas automáticos de aquecimento, permitem dosagem controlada do combustível e aquecimento contínuo.

O investimento inicial em equipamentos é superior ao da lenha comum, e o preço do pellet pode ser de 15% a 25% maior por unidade de energia. Contudo, a queima é mais limpa, gera menos resíduos e reduz a necessidade de mão-de-obra intensiva, o que pode compensar o custo ao longo do tempo, especialmente em granjas de médio e grande portes.

Mas, em algumas regiões do país, principalmente no centro-oeste, a produção de pinnus (base para produção de pellets) vem sendo substituída por lavouras de soja, milho e algodão, que são mais rentáveis para o produtor rural.

Atualmente, esta situação vem diminuindo a oferta de pellets e aumentando o
custo do produto pela necessidade de transporte de outras regiões. A produção de pellets à base de eucalipto e casca de amendoim foram utilizadas, mas apresentam mais problemas de manutenção das máquinas, geram mais resíduos oleosos, “embucham” e aglomeram.

O gás, seja GLP ou natural, foi muito utilizado no passado e, recentemente, voltou a ser adotado na produção de aves de corte, principalmente, em granjas de matrizes por uma questão de biosseguridade. Isso porque se evita de colocar lenha ou pellets de difícil desinfecção no interior dos aviários.

O sistema a gás se destaca pelo controle exato da temperatura, aquecimento mais uniforme e ambiente mais limpo, sem produção de resíduos sólidos ou fumaça. Estudos de campo e informações de produtores relatam uma menor mortalidade de pintinhos e uma melhor uniformidade do lote em aviários aquecidos com gás, favorecendo a produtividade.

Infelizmente, não existe apoio governamental e incentivo via redução de impostos, visto que é combustível utilizado para produção de alimentos. Além disso, é ambientalmente mais correta que a queima de lenha, pois um tanque com 190 kg de gás GLP pode substituir a derrubada de até 146 árvores de porte médio.

Quanto ao custo do sistema a gás, existe uma variação grande de acordo com a região do país, mas a redução pode chegar até a 50%, quando se consideram todos os fatores envolvidos, como o alto gasto da energia elétrica para mover os motores das fornalhas, redução no gasto com trator para transportar lenha ou pellets para os galpões e pagamento de diarista para descarregar a lenha na granja.  

Os aquecedores a lenha e pellets aquecem primeiro o ar do galpão, depois o piso. As campânulas a gás, por sua vez, aquecem inicialmente o piso por irradiação, mas são menos eficientes para aquecer o ar espacial do galpão.

Por isso, uma empresa disponibiliza no mercado brasileiro a utilização de um sistema híbrido, fazendo a junção de campânulas a gás com motor para espalhar o ar quente, por convecção.

Foto: arquivo

O futuro do aquecimento em instalações para frangos de corte aponta para soluções automatizadas, eficientes e cada vez mais sustentáveis. O foco deverá ser a integração de energias limpas (como gás metano, por exemplo), reduzindo   custos operacionais e melhorando o bem-estar animal.

Inovações como monitoramento remoto e sistemas híbridos, combinando diferentes fontes de energia, podem ser o próximo passo para garantir produção competitiva e ambientalmente responsável. 

A utilização de aquecedores externos que jogam ar quente para dentro do galpão permitirá a utilização da totalidade do galpão desde o primeiro dia no verão (metade no inverno). Com isso, haverá uma melhora na qualidade da cama e, consequentemente, das patas das aves, o que é fundamental para as empresas que vendem para o mercado asiático.

Atualmente, ainda precisamos usar pinteiros aqui no Brasil, com cerca de até 25% do espaço por uma questão de eficiência dos sistemas de aquecimento e preço menor da mão-de-obra que na Europa. 

Foto: arquivo

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