
A doença, causada pela bactéria Salmonella Gallinarum, ainda encontra brechas em falhas de biosseguridade e atinge tanto aves de corte quanto poedeiras. Casos recentes na Coreia do Sul e no Nepal reacenderam o alerta para produtores e autoridades sanitárias.
O médico-veterinário Oliveiro Caetano, professor de sanidade das aves da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explicou como o tifo aviário se transmite, quais os sinais clínicos, os impactos na produção e o que pode ser feito para prevenir as granjas.
Transmissão e persistência do tifo nas granjas
Segundo Oliveiro, a principal forma de transmissão é horizontal, ou seja, ocorre entre as aves e por meio de elementos contaminados no ambiente.
“A doença pode chegar com pintinhos infectados ou com aves recriadas de outros fornecedores. Uma vez presente, ela se espalha por carcaças contaminadas, moscas, roedores e até mesmo pelas roupas e botas dos funcionários”, alerta.
A bactéria pode permanecer viva no ambiente por longos períodos, resistindo a desinfetantes comuns. Por isso, quaisquer falhas de biosseguridade — como limpeza inadequada, presença de pragas ou entrada de pessoas não autorizadas — facilitam a entrada e a propagação do agente infeccioso na granja.
Sinais de alerta e formas de diagnóstico
Os primeiros sintomas nas aves incluem apatia, prostração, recusa alimentar e fezes esverdeadas. Em geral, entre três a cinco dias após o aparecimento dos sinais clínicos, ocorre aumento da mortalidade.
Para confirmar o diagnóstico, além da observação clínica e da necrópsia, é preciso realizar o isolamento da bactéria em laboratório. “Só assim temos certeza de que se trata do tifo aviário. A solução está em evitar que o problema chegue até o lote”, afirma o especialista.
Sem tratamento: a prevenção é o único caminho
A biosseguridade rigorosa continua sendo o maior escudo contra a doença. No caso das poedeiras, é possível adotar a vacinação preventiva, mas ela deve ser aliada a boas práticas de manejo, limpeza e controle de acesso à granja.
No caso dos frangos de corte, a prevenção deve começar na granja de reprodutoras, pois os pintinhos não são vacinados. “Se a contaminação chega ao pintinho, o problema vem da origem e pode comprometer todo o ciclo produtivo”, destaca.
O que fazer diante de um surto no lote?
O produtor deve ainda notificar imediatamente a empresa fornecedora dos pintinhos e o serviço oficial de defesa sanitária, principalmente se a suspeita for de contaminação na origem.
O tifo aviário é um exemplo claro de que, mesmo doenças consideradas sob controle, podem voltar com força se a biosseguridade for negligenciada.
“Trata-se de uma enfermidade grave, de fácil prevenção, mas que exige disciplina. E quando o produtor faz o básico bem feito, o resultado é a saúde do lote e a proteção de toda a cadeia”.
Oliveiro Caetano, médico-veterinário