
O colostro é a principal fonte de defesa imunológica para os leitões recém-nascidos. Como os suínos não recebem anticorpos suficientes da mãe durante a gestação, nascem praticamente sem imunidade. Isso os torna extremamente vulneráveis a infecções nas primeiras horas de vida.
A ingestão do colostro logo após o parto é a única forma de garantir proteção nesse período crítico. O alimento é rico em imunoglobulinas, células de defesa e nutrientes, e deve ser fornecido o mais rápido possível. O ideal é que cada leitão consuma, nas primeiras horas, no mínimo 250 gramas de colostro por quilo de peso corporal.
Esse manejo é ainda mais importante durante o inverno. As baixas temperaturas aumentam o desafio da termorregulação dos leitões e dificultam a mamada. Garantir o consumo adequado de colostro nesse cenário é essencial para a viabilidade e desempenho dos animais.
Primeiras horas de vida são decisivas
Segundo o médico-veterinário Robson Kretschmer, o colostro deve ser consumido logo após o nascimento, preferencialmente nas primeiras 6 a 8 horas. Esse é o período em que o intestino do leitão ainda permite a absorção direta dos anticorpos.
O volume de colostro disponível na matriz é limitado e varia conforme o animal. A concentração de anticorpos também diminui rapidamente após o parto, reduzindo a qualidade do colostro em menos de 24 horas. Por isso, o tempo é um fator decisivo.
Além da imunidade, o colostro também fornece energia e ajuda o leitão a manter a temperatura corporal. No frio, os leitões enfrentam uma queda brusca de temperatura ao sair do útero, passando de 39 °C para ambientes com menos de 20 °C. Isso pode comprometer o consumo do colostro se não houver ações imediatas.
Estratégias para garantir a colostragem
Entre as medidas indicadas por Kretschmer estão o uso de pó secante logo após o nascimento e o direcionamento dos leitões para as tetas. Esses cuidados ajudam a reduzir a perda de calor e estimulam a mamada precoce. A energia fornecida pelo colostro funciona como uma “recarga” essencial para o leitão continuar mamando.
O especialista faz uma analogia: o leitão nasce como um celular com 3% de bateria. Se não for “recarregado” rapidamente com colostro, pode não ter energia suficiente para buscar a próxima mamada. Por isso, a agilidade da equipe da granja é fundamental nesse processo.
Nas granjas bem-sucedidas, o manejo de colostragem é tratado como prioridade absoluta. Quando bem feito, ele reduz drasticamente a mortalidade, melhora o desempenho no desmame e garante a formação de um plantel mais saudável.
Como lidar com leitegadas grandes
Outro desafio frequente nas granjas é o número elevado de leitões por matriz. Quando a leitegada ultrapassa a quantidade de tetas disponíveis, é preciso adotar estratégias para que todos os leitões recebam colostro suficiente. Caso contrário, os mais fracos ficam sem acesso ao alimento.
Kretschmer recomenda a técnica de mamadas fracionadas. Leitões mais fortes e que já consumiram uma boa quantidade de colostro devem ser temporariamente afastados para dar lugar aos mais fracos. Isso reduz a competição e garante que todos atinjam o volume mínimo necessário.
Essa prática exige atenção constante da equipe e decisões rápidas. O ideal é que cada leitão atinja, nas primeiras 6 a 8 horas, pelo menos 250 gramas de colostro por quilo de peso. Leitões com 2 quilos, por exemplo, precisam de cerca de 500 gramas. O volume deve ser atingido em várias mamadas pequenas ao longo do período.
O impacto direto na produção
Garantir a colostragem correta impacta diretamente na qualidade da produção. Leitões que recebem o colostro de forma adequada têm menor risco de mortalidade, adoecem menos e apresentam melhores pesos no desmame. Além disso, o investimento em manejo nesse momento é compensado com desempenho superior na fase de crescimento.
O colostro não é apenas um alimento. Ele é, segundo Kretschmer, o primeiro “remédio” natural dos leitões. Com um bom protocolo, mesmo nas condições mais desafiadoras do inverno, é possível alcançar excelentes resultados na maternidade.
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