
A Influenza Aviária, também chamada de gripe aviária, é uma enfermidade causada por um vírus Influenza do tipo A e pode ser de alta ou baixa patogenicidade. Aves domésticas e silvestres são suscetíveis, principalmente as aquáticas. O subtipo 2.3.4.4b do vírus H5N1, que está circulando atualmente no mundo, causa alta mortalidade e chegou à América do Sul no final de 2022.
No Brasil, os primeiros casos ocorreram no Espírito Santo em maio de 2023. Naquele ano e, em 2024, tivemos um total de 170 casos, dos quais 3 foram em aves de fundo de quintal e o restante em aves silvestres.
A maior parte das aves silvestres afetadas era migratória costeira, conhecida como trinta réis de bando. No dia 7 de junho de 2025, tivemos um caso em aves de fundo de quintal, o que não traz implicações para as exportações.
O primeiro caso em aves comerciais
Em 15 de maio deste ano, foi confirmado o primeiro caso de Influenza Aviária de alta patogenicidade na avicultura comercial brasileira, em uma granja de matrizes de frangos de corte localizada no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul. A granja tinha 17 mil aves distribuídas em dois galpões, sendo que o vírus causou a morte de 100% das aves em um deles e 84% no outro, tal era a virulência do mesmo.
O Ministério da Agricultura (Mapa) e a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) aplicaram as medidas preconizadas no Plano de Contingência para Influenza Aviária e Doença de Newcastle e o foco foi contido nos dias seguintes. Barreiras foram instaladas na região e o programa de vigilância foi implementado com visitas nas propriedades rurais e granjas comerciais existentes dentro de um raio de 3km e de 10 km.
Quando os técnicos encontravam sinais clínicos compatíveis com doença respiratória e nervosa colhiam amostras que eram enviadas para análise no laboratório do Mapa, em Campinas.
Implicações nas exportações
Mais de 20 países suspenderam as importações brasileiras de carne de aves, ovos e material genético. Alguns fecharam o país inteiro, como foi o caso de países da União Europeia, China e México. Outros optaram por restringir apenas o estado do Rio Grande do Sul, enquanto que Japão e Emirados Árabes suspenderam somente o município de Montenegro.
Esses bloqueios dependem do que consta no certificado sanitário acordado previamente entre os governos e, por isso, o Mapa vem renegociando esses documentos para eliminar a exigência de país livre ou zona livre de Influenza Aviária, o que não faz muito sentido para um país continental como o nosso.
O ideal é que sejam suspensas apenas as exportações de produtos avícolas produzidos no raio de 10 km do foco, preservando-se os compartimentos e o restante do estado.
Cabe destacar que Influenza Aviária de baixa patogenicidade e de alta em aves silvestres e de fundo de quintal não afetam as exportações de acordo com as regras da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).
Retomada das exportações
No dia 18 de junho, o Brasil retoma a condição de livre de Influenza Aviária de alta patogenicidade (28 dias após a eliminação das aves e limpeza das instalações). Caso ocorra mais algum foco, esse prazo será zerado e novo prazo de 28 dias passará a vigorar.
Papel do produtor
Com a chegada do frio, o retorno das aves migratórias para o Hemisfério Norte deve acelerar e, provavelmente, não teremos mais casos nos próximos meses. Entretanto, como elas fazem a migração do Hemisfério Norte para o Sul a partir de outubro e como não sabemos se aves silvestres residentes foram ou não contaminadas, o risco para a nossa avicultura continua presente.
Por isso, os produtores devem redobrar os cuidados de biosseguridade para evitar a entrada do vírus em suas granjas. Devem ter, ainda, uma atenção especial com a água de bebida das aves e utilizadas na limpeza das instalações e equipamentos, pois as aves silvestres são atraídas por lagos e açudes. É importante revisar as condições de telas e orifícios, para evitar a entrada de pássaros e é necessário trocar de roupa e calçados antes de entrar nos galpões, uma vez que as aves silvestres podem defecar no entorno dos galpões.
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