A guerra tarifária entre Estados Unidos e China, intensificada no início de 2025, pode abrir espaço para o Brasil ampliar suas exportações de carnes de frango e suína, segundo o analista de mercado Fernando Iglesias.
“A disputa tarifária ainda é recente, mas já sentimos reflexos positivos. O cancelamento de 12 mil toneladas de carne suína americana pela China, por exemplo, pode gerar um redirecionamento de demanda para o Brasil e Europa”, explicou Iglesias.
O Brasil, que já lidera o fornecimento de carne bovina e de frango para os chineses, vê agora a carne suína consolidar seu mercado no país asiático, dividindo o protagonismo com destinos como Filipinas e Emirados Árabes.
A disputa entre as potências impacta diretamente a logística e o fluxo de proteínas no mundo, reorganizando fornecedores e abrindo brechas para quem mantém biosseguridade e estabilidade, como o Brasil.
Conflito comercial altera dinâmica global das proteínas
A estratégia chinesa de aumentar tarifas, cancelar pedidos e restringir habilitações de plantas exportadoras dos EUA também favorece o Brasil. “A China usa vários mecanismos de pressão, não apenas tarifas, para tentar equilibrar as negociações”, destacou o analista.
Demanda interna aquece mercado de milho e pressiona custos
Se por um lado as exportações seguem firmes, a alta demanda interna por carnes elevou o preço do milho, principal insumo da alimentação animal. “Os preços estão mais altos em 2025, principalmente pela menor área plantada na safra verão e pela forte demanda interna”, alertou Iglesias.
O farelo de soja, porém, apresenta tendência de baixa, graças a uma safra recorde, o que ajuda a equilibrar parte dos custos de produção. Ainda assim, produtores de aves e suínos precisam ficar atentos ao comportamento dos grãos no segundo semestre, especialmente se a guerra comercial prolongar seu efeito sobre as commodities.
Fernando ressalta que, se o conflito se intensificar, a pressão sobre os preços do milho e da soja pode aumentar, impactando a rentabilidade do setor.
Brasil se destaca no cenário internacional com biosseguridade
“Em 16 anos de carreira, nunca vi o Brasil tão bem posicionado no comércio global de carnes como agora”, afirmou Iglesias. A combinação de qualidade sanitária, oferta estável e boa logística garante competitividade aos produtores brasileiros.
Para manter essa liderança, o analista recomenda reforçar a fiscalização sanitária, a vigilância contra doenças e o profissionalismo nas práticas de produção dentro das granjas.
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