
Após semanas de retração, os preços do suíno independente voltaram a reagir no Brasil, trazendo alívio para os produtores. Em paralelo, a avicultura de postura no Espírito Santo se destaca como exemplo de sustentabilidade e produção responsável, com foco em bem-estar animal e geração de valor para o consumidor moderno.
Em Santa Catarina, o quilo do suíno subiu 0,78%, alcançando R$ 7,76. Já em Minas Gerais, a alta foi ainda mais expressiva, com valorização de 3,85% e o quilo chegando a R$ 8,10, segundo dados da ACCS e da Associação dos Suinocultores de Minas Gerais. O movimento de alta se deu após quatro semanas consecutivas de queda, impulsionado pela virada do mês e pela retomada das compras pelas indústrias, que enfrentavam estoques reduzidos.
Tarifas dos EUA e impacto no mercado interno
Apesar do cenário positivo na última semana, o setor ainda sente os efeitos do chamado “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos. Desde a medida, as incertezas reduziram o apetite das indústrias, pressionando os preços do suíno vivo. Em Minas, as perdas chegaram a 15% em julho.
Com a recomposição dos estoques, as compras voltaram e os preços começaram a subir. Embora as exportações para os EUA não sejam expressivas, o impacto indireto preocupa, especialmente nos acordos em andamento com países como a Argentina — destino de mais de 30 mil toneladas de carne suína brasileira até julho.
Espírito Santo lidera produção de ovos com responsabilidade
No segmento da avicultura, Santa Maria de Jetibá, no Espírito Santo, mantém desde 2016 o posto de maior produtora de ovos do país. A cidade abriga mais de 13 milhões de galinhas poedeiras e ultrapassa 3 bilhões de ovos por ano. Mas, além dos números impressionantes, o município se destaca pela adoção de práticas sustentáveis.
De acordo com Nélio Rend, diretor executivo da Associação de Avicultores e Suinocultores do Espírito Santo (AVES), os produtores locais estão cada vez mais atentos à necessidade de equilibrar produção, meio ambiente e bem-estar animal.
“A produção só cresce se for sustentável”, destacou.
Genética, manejo e redução do impacto ambiental
A seleção genética tem desempenhado papel importante na eficiência da avicultura de postura. A combinação entre aves mais produtivas, alimentação balanceada e estruturas modernas reduz o consumo de água, energia e insumos. Hoje, por exemplo, o uso de nipples (sistemas de bico) nas granjas eliminou o desperdício de água que ocorria com calhas abertas no passado.
Além disso, a energia solar vem ganhando espaço nas granjas capixabas, assim como o uso de esterco orgânico na agricultura local — contribuindo com adubo para a produção de frutas, hortaliças, café e reflorestamento. O setor também investe em biodigestores, ainda mais comuns na suinocultura, mas que já começam a ser implementados na avicultura para geração de biogás e bioenergia.
Consumidor mais atento e mercado de nicho
O consumidor brasileiro também tem evoluído. De acordo com Nélio, cresce o interesse por ovos de sistemas alternativos, como os livres de gaiolas e caipiras.
“Existe uma tendência de identificação por marca e maior preocupação com a origem do alimento”, aponta.
No entanto, ele ressalta que o preço ainda é decisivo na escolha do consumidor médio.
Como essas práticas sustentáveis têm custos mais elevados, elas ainda atendem a nichos de mercado. Mesmo assim, a AVES aposta na educação e conscientização para ampliar o acesso a alimentos produzidos com responsabilidade.
Capacitação constante e troca de experiências
A AVES atua fortemente na capacitação de seus associados. A entidade realiza workshops, eventos técnicos e missões internacionais para aproximar os produtores de boas práticas globais. Um dos principais eventos do setor é a FAVSU, feira realizada a cada dois anos que aborda inovações em produtividade, meio ambiente e bem-estar animal.
Além disso, a associação participa ativamente das discussões nacionais em parceria com entidades como ABPA e ABCS, contribuindo para políticas públicas e o fortalecimento de toda a cadeia produtiva.
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