GESTÃO NO CAMPO

Mão de obra no campo exige mais do que salário para ser retida

Qualidade das relações, liderança acolhedora e ambiente de crescimento são decisivos para manter equipes no campo

Mão de obra no campo exige mais do que salário para ser retida

Encontrar e manter mão de obra no campo tem sido um dos grandes desafios enfrentados pelos produtores rurais. Em muitas propriedades, a estrutura cresceu, a produtividade aumentou, mas a dificuldade em reter pessoas comprometidas segue presente. E quando se consegue formar uma equipe, seja de funcionários ou familiares, um novo obstáculo aparece: como manter esse time unido e motivado?

Para o psicólogo Eduardo Basso, a resposta vai além do pagamento.

“Hoje, o que faz as pessoas permanecerem em um ambiente de trabalho é a qualidade das relações”, afirma.

Ele explica que o papel da liderança é essencial nesse processo e pode ser decisivo nos resultados de uma granja ou qualquer outra atividade rural.

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Segundo Basso, o modelo de liderança tradicional, baseado no

“manda quem pode, obedece quem tem juízo”, está ultrapassado.

Esse tipo de gestão, que vem desde a Revolução Industrial, não conversa com a realidade atual, muito menos com o perfil das novas gerações que chegam ao campo.

“Hoje, o líder precisa agir como um maestro de orquestra: não precisa saber tudo, mas precisa conduzir as pessoas com empatia, clareza e reconhecimento”, afirma.

Essa comparação com a orquestra mostra que, para uma boa melodia acontecer, cada instrumento tem seu papel – assim como cada membro da equipe precisa ser valorizado.

“Uma das maiores causas de desmotivação é a falta de reconhecimento”, destaca o psicólogo, citando uma frase do professor Mário Sérgio Cortella.

Por isso, um gestor rural deve investir em valorização constante do time.

Além disso, criar um ambiente otimista e de oportunidades pode fazer toda a diferença, principalmente para os jovens que buscam crescimento e propósito no trabalho rural.

“As pessoas não querem apenas executar tarefas. Elas querem se sentir parte da história”, completa.

Em toda propriedade rural, cobranças fazem parte da rotina. Há metas a cumprir, demandas a atender, prazos apertados. Mas a forma como essas cobranças são feitas pode aproximar ou afastar os colaboradores.

Eduardo Basso aponta o feedback construtivo como uma ferramenta poderosa.

“Quando o gestor reconhece o que o funcionário já faz de bom e, depois, aponta o que pode ser melhorado, a chance de motivar é muito maior”, afirma.

Ele orienta a evitar críticas duras e preferir falar em “pontos de melhoria”, sempre com foco no desenvolvimento da pessoa.

A ideia não é mascarar erros, mas apresentar soluções com empatia.

“A cobrança deve existir, mas precisa vir acompanhada de reconhecimento. Assim, o colaborador se sente valorizado e entende que está num ambiente que permite crescer”, explica.

Muitos produtores enfrentam um cenário particular: a mão de obra no campo é formada pela própria família. Marido, esposa, filhos e parentes dividem tarefas e responsabilidades. Nesse tipo de ambiente, os conflitos interpessoais podem surgir com facilidade e afetar diretamente a produção.

Para evitar problemas, Eduardo Basso recomenda uma regra simples: “o que se combina não custa caro”. A clareza nos acordos, tanto em tarefas quanto em horários e expectativas, ajuda a manter a harmonia.

“Quando as pessoas sabem exatamente o que se espera delas, a chance de conflito é menor”, diz.

O psicólogo também sugere que os gestores façam conversas periódicas, para reforçar os combinados, ouvir sugestões e corrigir desvios.

“A comunicação precisa ser constante. Isso fortalece o compromisso de todos com o sucesso da granja”, completa.

No final das contas, o cuidado com o time é tão importante quanto o cuidado com os animais ou com a lavoura. E o bom ambiente de trabalho é construído todos os dias, com ações simples: escutar, valorizar, reconhecer e orientar.

“Quando um funcionário se sente acolhido e respeitado, ele veste a camisa da granja. E isso impacta diretamente nos resultados”, garante Eduardo.

Fazer da propriedade um lugar onde todos queiram estar pode ser o melhor investimento para o sucesso no campo.

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