A biosseguridade na suinocultura é uma das principais barreiras de proteção contra doenças que afetam a produtividade das granjas. Agora, esse trabalho essencial passa a contar com uma nova aliada: a tecnologia. A Embrapa desenvolveu o Biosui, uma ferramenta digital que faz um diagnóstico completo das granjas e aponta onde estão os pontos mais críticos que precisam de atenção.
Baseado em critérios técnicos, o Biosui utiliza um protocolo com 23 itens que avaliam tanto a biosseguridade interna quanto a externa das propriedades. O sistema também gera recomendações técnicas que auxiliam na organização das granjas, fortalecendo a cadeia de produção como um todo.
Além de apoiar as decisões dos produtores, o Biosui foi pensado para contribuir com programas de gestão sanitária e com a formulação de políticas públicas ligadas à sanidade animal. A ferramenta já está sendo testada em uma das regiões mais importantes na produção de suínos do Brasil.
Indicador técnico aponta fragilidades e soluções
O pesquisador Franco Martins, líder do projeto na Embrapa, explica que o Biosui vai além de um simples diagnóstico.
“A ferramenta gera um indicador do nível de biosseguridade das granjas, com base em critérios bem definidos. São nove pontos internos e 14 externos, todos com pesos específicos e escalas de impacto que nos permitem entender com clareza onde estão as fragilidades”, afirma.
Cada um dos critérios é avaliado e pontuado, o que resulta em um retrato fiel da situação da granja. A partir desses dados, são geradas recomendações práticas que podem ser implementadas de forma planejada, sempre considerando o impacto das melhorias no resultado final do índice de biosseguridade.
O Biosui foi inspirado nas recomendações técnicas publicadas pela própria Embrapa em 2017, que hoje fazem parte das normas de biosseguridade em estados como o Paraná. Com base nessas normativas, o software foi adaptado para atender a realidade das granjas brasileiras.
Validação no Paraná e próximos passos
O Paraná foi o primeiro estado a participar da fase de validação do Biosui. A experiência foi realizada em parceria com cooperativas locais e com a Agência de Defesa Sanitária estadual, permitindo ajustes finos na ferramenta para adequá-la às condições práticas da suinocultura regional.
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“Tivemos um escopo amplo de validação, ajustando critérios e informações conforme a realidade das granjas do estado. Isso nos permitiu calibrar o sistema com base em dados reais, fortalecendo ainda mais a precisão do diagnóstico gerado”, detalha Franco Martins.
Agora, a Embrapa inicia a fase de implementação junto a cooperativas e agroindústrias em outras regiões. A coleta dos dados será feita pelos próprios técnicos de campo, utilizando o Biosui como apoio. A análise será processada pela Embrapa, que retornará com relatórios detalhados para os produtores.
Ferramenta fortalece decisões técnicas e políticas públicas
O objetivo da Embrapa é ampliar o uso do Biosui para todo o território nacional, envolvendo agroindústrias, órgãos oficiais e cooperativas em um esforço conjunto para melhorar a sanidade da suinocultura brasileira. A tecnologia deve reforçar o papel do Brasil como um dos líderes mundiais na produção de carne suína com qualidade sanitária.
“A proposta é justamente essa: apoiar decisões dentro das granjas e também contribuir com políticas públicas e ações de defesa agropecuária que tornem nosso sistema mais robusto, competitivo e alinhado com as exigências dos mercados”, afirma o pesquisador.
Com mais dados, mais controle e mais planejamento, a suinocultura brasileira se prepara para enfrentar os desafios sanitários com ferramentas modernas, confiáveis e acessíveis a todos os elos da cadeia.
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