Preço do suíno volta a subir após semanas de queda

Mercado independente reage com alta puxada pela virada do mês, mas ainda sofre efeitos da incerteza com o tarifaço dos Estados Unidos

Preço do suíno volta a subir após semanas de queda

Depois de um mês marcado por quedas sucessivas, o preço do suíno voltou a reagir nas principais regiões produtoras do país. A última semana trouxe um respiro para os suinocultores independentes, com valorização nas praças de Santa Catarina e Minas Gerais, indicando uma possível reversão da tendência de baixa registrada desde julho.

De acordo com a Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), o quilo do suíno subiu 0,78% e fechou a R$7,76 em Santa Catarina. Já em Minas Gerais, os dados da Associação dos Suinocultores do Estado (ASEMG) mostraram uma valorização ainda maior: 3,85%, com o quilo sendo negociado a R$8,10.

A virada do mês e a necessidade das indústrias recomporem os estoques colaboraram para esse movimento de alta. No entanto, o setor segue atento aos desdobramentos do tarifaço anunciado pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, que criou um clima de instabilidade no mercado.

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A medida imposta pelo governo norte-americano prevê tarifas de até 50% sobre carnes e ovos brasileiros. Embora os Estados Unidos não sejam um destino significativo para as exportações de carne suína do Brasil, o anúncio impactou diretamente o mercado interno.

“Nas últimas quatro semanas, o mercado independente foi o mais afetado. Em Minas, por exemplo, os preços chegaram a cair 15% no período”, apontou a ASEMG.

A principal razão foi a cautela das indústrias, que reduziram compras diante do cenário incerto, pressionando o valor do animal vivo para baixo.

Essa retração durou até a última semana de julho, quando os estoques começaram a baixar e as compras foram retomadas. A demanda voltou, e com ela, o preço começou a subir novamente. A recomposição marca o início de agosto com um clima mais positivo entre os produtores, ainda que o alerta siga ligado.

Apesar do alívio momentâneo, o setor não descarta novos impactos em cadeia. Isso porque os Estados Unidos, ao taxarem as carnes brasileiras, podem beneficiar outros exportadores com os quais têm acordos comerciais, como a Argentina. Até o fim de julho, o Brasil já havia exportado mais de 30 mil toneladas de carne suína para o mercado argentino.

Se os argentinos passarem a ocupar mais espaço no comércio com os norte-americanos, isso pode redirecionar seus produtos para mercados onde o Brasil já atua, criando uma pressão indireta sobre as cotações e aumentando a concorrência externa.

Além disso, o mercado de proteína animal é altamente sensível a variações de preço entre diferentes carnes. Quando a carne bovina sobe, o consumo se desloca para frango e suíno. O contrário também é verdadeiro. Com as recentes instabilidades causadas pelo tarifaço e o comportamento de preços no atacado, qualquer mudança pode gerar efeito dominó.

Para os suinocultores independentes, o momento exige atenção redobrada. A orientação das associações é acompanhar de perto os custos de produção, manter planejamento financeiro e seguir atentos aos sinais do mercado, tanto nacional quanto internacional.

A expectativa é que, com a reabertura das compras pelas indústrias e a retomada das exportações em outros destinos, o preço do suíno consiga se manter em níveis sustentáveis ao longo de agosto. No entanto, o cenário ainda inspira cautela, especialmente com as movimentações diplomáticas envolvendo os Estados Unidos e seus novos parceiros comerciais.

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