SANIDADE NA AVICULTURA

Uso de antimicrobianos: entenda os riscos e como aplicar de forma segura

Veterinário da UFMG orienta sobre o uso responsável de antimicrobianos na avicultura de postura para evitar riscos

Uso de antimicrobianos: entenda os riscos e como aplicar de forma segura

O uso de antimicrobianos ainda é um dos grandes desafios da avicultura de postura no Brasil. Apesar de essenciais para o tratamento de doenças, o uso inadequado pode gerar resistência antimicrobiana e colocar em risco a saúde humana e animal. 

Para esclarecer como agir com segurança nas granjas, o programa Interligados conversou com o médico veterinário e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Oliveiro Caetano.

De forma simples, antimicrobianos são substâncias que atuam contra microrganismos, podendo ser de origem vegetal, microbiológica ou sintética.

“Na produção animal, eles são usados com quatro finalidades: tratamento, metafilaxia, profilaxia e, em alguns casos, para melhoria de desempenho”, explicou o professor.

Além do frango de corte, a postura comercial também pode demandar esses tratamentos, sobretudo em quadros infecciosos que afetam lotes inteiros.

O Interligados está na tela do Canal Rural de segunda a quinta-feira às 11h45 e sexta-feira às 11h30

A resistência antimicrobiana acontece quando bactérias conseguem sobreviver mesmo com o uso do medicamento.

“Esse fenômeno natural pode ser acelerado pelo uso recorrente ou inadequado dos antimicrobianos”, alertou Oliveiro.

O maior risco é que essas bactérias resistentes atinjam o ser humano, dificultando tratamentos de infecções comuns.

“Ainda que os produtos usados na produção animal sejam diferentes dos utilizados na medicina humana, eles pertencem a classes semelhantes. Por isso, a resistência desenvolvida nas granjas pode afetar também os tratamentos em pessoas”, reforçou.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já considera essa resistência uma das emergências sanitárias mais preocupantes do mundo.

Antes de prescrever qualquer medicamento, o veterinário precisa ter certeza de que o lote está acometido por uma doença infecciosa tratável com antimicrobianos.
Além disso, é fundamental verificar se o uso do produto é permitido na fase de produção em questão.

“Alguns antimicrobianos são proibidos em aves de postura e há limites de resíduos estabelecidos pela Anvisa, conforme a Instrução Normativa nº 162/2022”, destacou.

Essa atenção é ainda mais crítica no caso de poedeiras, já que resíduos podem contaminar os ovos e chegar à mesa do consumidor.

Evitar doenças é o caminho mais eficaz para diminuir a dependência de antibióticos. Oliveiro listou algumas medidas simples e eficazes que o produtor pode aplicar no dia a dia:

  • Evitar criar aves de diferentes idades e origens no mesmo galpão;
  • Adquirir pintainhas e recriadas de fornecedores qualificados;
  • Treinar os funcionários sobre biosseguridade e higiene;
  • Realizar controle de pragas como roedores e moscas;
  • Tratar corretamente os resíduos, com compostagem adequada das carcaças.

Essas práticas ajudam a manter a sanidade do plantel e reduzem a necessidade de tratamentos emergenciais com antimicrobianos.

Por fim, o professor reforçou a importância do acesso à informação técnica. “O site do Ministério da Agricultura e da Escola de Veterinária da UFMG disponibiliza materiais completos sobre uso responsável de antimicrobianos. É um conteúdo essencial para quem trabalha com produção animal”, finalizou.

Com uma produção nacional que ultrapassa 55 bilhões de ovos por ano, o Brasil tem um papel estratégico no fornecimento de proteína acessível à população. Garantir a qualidade sanitária dessa cadeia é, portanto, uma responsabilidade coletiva — do produtor ao consumidor.

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