Brasil é penalizado por dados antigos de uso da terra, alerta ABPA na COP30

Presidente da entidade diz que bases internacionais ignoram avanços produtivos e pedem atualização urgente

Ricardo Santin, da ABPA
Foto: ABPA

Bancos de dados internacionais usados para medir a pegada de carbono precisam ser urgentemente atualizados, alertou o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, durante painel na Agrizone, na COP30. Segundo ele, a utilização de informações antigas sobre uso da terra distorce cálculos globais e penaliza produtores brasileiros que já avançaram em eficiência e sustentabilidade.

Santin afirma que muitos indicadores climáticos ainda se baseiam em parâmetros definidos há cerca de 20 anos, quando o país tinha outro nível de produtividade. Ele cita o caso da produção de frango: antes eram necessários 1,88 quilo de ração para gerar 1 quilo de carne. Hoje, o número caiu para 1,6 quilo.

“Se os bancos de dados não atualizarem essa informação, será imputado ao Brasil um excedente de 0,28 quilo por quilo produzido na pegada de carbono — um dado que já não corresponde à realidade”, explicou.

O dirigente também reforçou que a maior parte dos produtores do setor cumpre rigorosamente o Código Florestal e as exigências ambientais. “Quando há irregularidade, somos os primeiros a condenar. Mas é fato que aves, suínos e ovos são produzidos seguindo a legislação”, afirmou.

Para Santin, atualizar esses bancos de dados é essencial não apenas para garantir justiça climática, mas também para proteger a competitividade global do agro brasileiro. Ele defendeu ainda que o debate climático passe a considerar a segurança alimentar como eixo central. “Não existe futuro climático sem segurança alimentar, e não há segurança alimentar sem proteína”, disse. Ele reiterou sua posição contra barreiras comerciais para alimentos no mundo.

*Com informações do Estadão Conteúdo